Restaurações de resina

A Odontologia reabilitadora teve um grande avanço nesses últimos anos. Segundo estudos, em outras épocas, as restaurações de resina composta duravam muito menos tempo em comparação com as restaurações de amálgama, nos dias atuais, podemos dizer que essa constatação não é mais válida devido a evolução dos materiais restauradores usados pelos profissionais da área.

Nos dias de hoje, as resinas compostas, são um dos materiais mais utilizados para os procedimentos de restauração. O amálgama já foi muito utilizado para esses procedimentos, é considerado um material resistente, mas, por obter propriedades e substâncias que apresentam risco para a saúde do paciente, como mercúrio por exemplo, o uso dele se tornou proibido em alguns casos.

A eficiência do tratamento para troca de restauração, exige do cirurgião dentista, um amplo conhecimento clínico à cerca dos critérios que deverão utilizar para a realização desse procedimento, devendo sempre levar em consideração a saúde do paciente e a estética, uma vez que a sua substituição de forma inadequada pode fazer com que o paciente tenha um grande prejuízo biológico. Esses critérios, muitas vezes, não são entendidos pelo paciente. Por ser leigo no assunto, ele apresenta uma visão de forma simplificada além de pouco entendimento. Para ele, pode parecer ser uma situação bem simples, é por esse e outros motivos que o profissional precisa ter habilidade para explicar os malefícios que a troca inadequada pode ocasionar para sua saúde.

Apesar de vários estudos e evolução na área odontológica, ainda não existe critérios estabelecidos para troca de restauração, em livros de estudos não há um consenso referente ao assunto.

É importante salientar e explicar para o paciente a importância de seguir todos os passos para uma boa higiene bucal, pois, antes de se tratar uma restauração, ele precisa ter um entendimento que essa etapa do tratamento pode ser evitada, se ele contribuir fazendo a sua parte, seguindo todas as orientações que lhe foi passada.

Um dos maiores motivos para o tratamento de restauração é a cárie dentária, que até os dias de hoje continua sendo um dos maiores problemas de doença bucal, mesmo com toda evolução que a odontologia tenha sofrido até os dias de hoje, ainda não se tem um tratamento definitivo para evitar a doença, somente os cuidados e a prevenção.

Quando o esmalte já se encontra na fase de desmineralização, somente a escovação não é mais suficiente para promover a remineralizacão, nesse caso, o tratamento restaurador é um dos mais indicados e o mais utilizados pelos profissionais da área, para tratar as sequelas ocasionadas pela doença.

Como ainda não se tem critérios específicos que determinam a troca ou o reparo das restaurações, o profissional trabalha com algumas tentativas que podem ser usadas para estabelecer os parâmetros necessários, para uma avaliação clínica mais certeira, estes critérios foram classificados por CVA e GUNNAR RUGER, conhecido como USPHS (Critérios para a avaliação clínica de materiais restauradores).  Esses critérios foram usados no serviço de saúde pública dos Estados Unidos e aceitos universalmente.

Os critérios foram desenvolvidos e denominados como:

Alfa:  quando a restauração apresenta uma cor compatível.

Beta: quando a cor apresenta uma leve alteração, mas não interfere em estética.

Charllie: quando a cor está totalmente alterada.

Em outras palavras podemos dizer que no critério alfa não precisa fazer a troca, beta se faz apenas o reparo e no Charllie se faz a troca da restauração.

Ao longo dos anos, foi estabelecido outros critérios pelos mesmos autores, sendo eles considerados como uma alteração dos primeiros parâmetros.

Estes, foram denominados de:

Nenhuma abordagem: quando a restauração não apresenta grande quantidade de deficiência, a sua descoloração não interfere na estética e futuramente não apresentará grandes problemas caso não seja feito o reparo.

Remodelação: quando for necessário o ajuste da deficiência, quando apresentar necessidade de um polimento na superfície ou alisamento e remoção de material que estiver em excesso.

Reparo: quando a restauração está clinicamente instável, apresentando defeitos localizados de forma insatisfatória.

Substituição: quando apresentar problemas graves, aonde somente o reparo não é suficiente.

Mesmo com todos esses avanços na odontologia, os critérios citados acima, são considerados os mais viáveis até os dias de hoje, é um ponto de partida que os profissionais usam para o início da avaliação clínica, ajudando os mesmos na tomada de decisão pelo tratamento ou pela troca da restauração.

Vale ressaltar, que mesmo com todos esses parâmetros estabelecidos, ainda assim, o profissional precisa ter um amplo conhecimento do assunto, uma vez que para avaliação da troca será necessário o exame visual.

Lembrando mais uma vez, que esses critérios acima não são um consenso, são apenas tentativas de se estabelecer algo comum.  Tomar a decisão se a restauração deverá ser substituída ou não, depende de muito fatores subjetivos e um deles é o tempo que a restauração foi feita.

Cada caso precisa ser estudado pelo profissional de forma individualizada, uma ampla visão de um todo da situação, uma análise mais específica de como a restauração se encontra, são fatores de suma importância para o tratamento correto, contribuindo para o estudo e uma avaliação mais específica, quanto a necessidade da troca ou intervenção, sendo essa de uma maneira mais conservadora, a fim de postergar a sua substituição e preservação da estrutura dental sadia. Pois, quando se realiza o procedimento de troca por qualquer motivo que seja, sempre se remove também pedaços de estruturas dental saudável. Por esse motivo devemos evitar o ciclo restaurador repetitivo.

Além de todas essas análises, é importante lembrar que o paciente tem uma grande responsabilidade para que o tratamento tenha sucesso, pois se uma restauração é recente, e em um curto espaço de tempo apresentar alguma falha, deve-se analisar o caso, nesse contexto, é importante também conhecer os hábitos que o paciente tem, pois isso ajudará o profissional na sua escolha de tratamento. Mas, primeiro, o paciente precisa entender que qualquer tratamento exige uma grande parceria entre ele e o profissional, isso é um dos fatores mais importante que refletem diretamente nesse processo.

Esse conhecimento e parceria de ambas as partes, levará a uma escolha mais eficiente e mais apropriada para a realização do tratamento, claro que, sempre que possível, optar pela intervenção com procedimentos menos invasivos, caso não seja a escolha ideal, realizar a troca.

Além desses fatores citados anteriormente sobre a importância de se conversar com o paciente, orientá-lo sobre seus hábitos alimentares, ensinar como higienizar de forma correta, mostrar que a eficácia desse tratamento e sua durabilidade também depende das suas atitudes, existem outros fatores que contribuem para isso, ou seja, outras razões que muitas vezes não é percebido pelo profissional, causando assim, falhas nas restaurações.

Pode -se dizer que esses fatores estão relacionados com a resposta periodontal do paciente, se ele possui um periodonto doente, sua estética, função, suas condições pulpares, se ele apresenta sintomatologia dolorosa e desconfortos, essas são umas das razões que contribuem para o insucesso das restaurações, até mesmo a doença cárie, que se não for tratada e feito os reparos necessários, pode desencadear em cáries secundárias, depois de um determinado tempo, pois, só trocar  a restauração não é suficiente para que o tratamento tenha sucesso, pois, além de tratar, deve-se fazer o controle da doença.

Dentro desses e de vários outros critérios utilizados pelo profissional, a fim de se obter a longevidade da restauração, a escolha correta dos materiais precisa ser levado consideração, além do seu uso correto e também a sua boa execução, o conjunto de todos esses fatores irão contribuir  para a sua durabilidade.

Isso exige que seja feito o reparo para que seja encontrado a causa do problema, entender o que de fato está acontecendo, impedindo que se entre nesse ciclo restaurador repetitivo, evitando assim, a troca contínua da restauração e um desgaste maior no dente, ocasionando uma perda de estrutura dental, gerando um risco maior.

Importante salientar que não existe nenhum material restaurador que substitua o esmalte, dentina e polpa, e que faça o bom funcionamento entre eles, a prevenção é o tratamento mais adequado para todos.

Vale ressaltar, que existem alguns casos excepcionais que fazem com que a restauração não dure o tempo que deveria durar, por exemplo, paciente que apresenta bruxismo, que range o dente, estes apresentam maior problema quanto a duração da restauração, pois a sobrecarga mastigatória dificulta o tempo de duração, fazendo com que o material sofra um desgaste precoce, ocasionando a troca em um curto espaço de tempo.

São situações diferentes, que apresentam uma condição patológica agindo em cima, mas que também precisa ser tratada. Muitas vezes, os pacientes que rangem os dentes, não fazem o tratamento adequado ou não segue com eles, como o uso da placa de bruxismo, o paciente precisa entender a real situação do problema e ser consciente do ato de ranger os dentes.

A conversa entre profissional e paciente é super válida, pois tem paciente que desconhece que possui essa condição patológica. É importante também, que nessas conversas, o profissional use uma linguagem mais simples, pois existem termos que o paciente não conhece, as vezes ele fica desconfortável em perguntar o que é isso, então, o dentista precisa ter essa visão, para que o paciente tenha um bom entendimento.

Antigamente, a odontologia era trabalhada baseada somente na conduta restauradora, ou seja, se o paciente apresentasse a doença cárie com necessidade do tratamento restaurador, a doença não era tratada, era feito somente a restauração em si, sem o tratamento adequado, isso explica um dos motivos que levavam as pessoas a perderem seus dentes de forma precoce.

Hoje em dia, o conceito de estabelecimento da cárie mudou, só a restauração não é suficiente para o tratamento do paciente, só fechar as cavidades, não é curar a doença por completo e nem tratar o paciente, existe uma série de fatores para isso, e é importante enfatizar novamente a necessidade  de se fazer a orientação de dieta e orientação de higiene bucal, pois é isso que vai controlar o paciente em relação a doença, depois disso, é o momento adequado para se fazer a restauração sem que falhe.

Quando se fala em explicar para o paciente sobre a sua dieta, o que entra nesse contexto, é se ele tem uma dieta mais açucarada, pois isso faz aumentar a produção de ácidos pelas bactérias, causando a desmineralização dental, ou seja, a intenção dessa orientação é deixar claro que os alimentos açucarados e carboidratos fazem mal para a sua saúde como um todo. Evitar também fazer a ingestão de alimentos pegajosos, pois estes ficam retidos nos nichos de retenção e, se tiver muitas bactérias patogênicas, vão fermentar muito aquele canal, levando ao prejuízo da estrutura dental, que muitas vezes, somente o tratamento conservador não será suficiente.

Para termos sucesso no tratamento restaurador que se vai executar, precisamos ter sucesso também na promoção de saúde, a escovação de forma correta é um dos aliados para um bom resultado.

Com diversos estudos feitos dentro da área odontológica até os dias de hoje, ainda se trabalha muito a questão da prevenção e a parte de orientação de uma correta higiene bucal, dentro desse contexto, é possível fazer a avaliação do risco de cárie do paciente, a quantidade de placa bacteriana que estão presentes na superfície dentária e, como já foi citado anteriormente, a frequência de ingestão de carboidratos fermentáveis.

Tomando como base todas essas considerações, pode-se observar que ainda existe uma necessidade muito grande de se atribuir critérios mais específicos para troca de restaurações, ainda se faz necessário estudos mais desenvolvidos para o correto diagnóstico de cárie, e assim, a decisão de um tratamento mais certeiro.

Vale ressaltar, que a melhor abordagem para a escolha dos métodos de tratamento deve ser trabalhada de forma individualizada, baseada no risco de cárie de cada paciente juntamente com a experiência clínica do profissional. Até os dias de hoje, o tratamento conservador é o mais indicado.

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